domingo, 29 de agosto de 2010

Avernal



Já faz um tempinho devendo a mim mesma um texto, demorei porque almejava um texto que falasse coisas inéditas em mim, mas, desisti, talvez esteja dentro da barriga de uma jibóia, sendo digerida, e como no desenho do pequeno príncipe, ninguém perceba a real interpretação. O que teria de inédito nisso, não? Sufoco é sufoco, dentro ou fora da barriga desse réptil. Presunção só minha? Algum demente poderá perguntar: Que mal há numa grande jibóia a nos consumir? E o que um desenho bobo poderá acrescentar a mais? Mais louco do que eu, não é verdade? Então, acabei me permitindo a certas distancias e delírios, fazer o que? E se nada de inédito há, façamos as preliminares sem deslumbramentos. Antes do entardecer me pus diante do PC, como não tinha nada de inédito, me conformei em reler alguns textos antigos, muito antigos mesmo, não tão antigos quanto a minha vontade, mas os títulos sugeriam, e eu Voltei no Tempo, revirei meu Armário cheio de Metáforas, Deusas, Metamorfose... E senti quanto Sol pode irradiar um Corazón, não me Pergunte o filme ou as melhores cenas... Eu não recordo detalhes, nem mesmo posso recorrer as Amigas, “Sensação”, hoje mais distantes. O fato é que cada texto me refletia e me iluminava... Hoje, depois de tanto tempo, ainda me pergunto o que dizer as amigas inquietamente belas, Simones? Por onde andam vocês? Talvez fosse sensato dizer: Amigas, Carpe Diem! Colham o seu dia da melhor e mais proveitosa forma possível, “não perguntem, saber é proibido”, apenas aprendam a decifrar as respostas dadas pelo tempo. Mesmo quando se exercita A difícil sutileza de ser melhor ponderar, pra que falar minúcias, recortar caminhos, filtrar delírios, contar o final de muitas histórias? A experiência de cada um faz parte da riqueza e engrandecimento moral de cada um. Atrevo-me então a ficar em silêncio, relendo e redescobrindo coisas nas entrelinhas, remexendo e revirando as vísceras da jibóia a procura do inédito... Dias atrás a lua, o sol, a brisa me permitiam e eu me sentia imponente, a sensação que eu tinha era de partilha, Vida em comum, me redescobria e redescobria também o mundo. De fato, Explicação, não tem... E nunca terá! Então, estou aqui tentando entender o porquê de muitas vontades, e almejando ainda que seja de forma inédita. Mas, percebi que nada de original encontrei nas releituras, somente o sentimento de conclusão de algo, assim como um livro de muitas páginas e algumas infinidades de reticências... Talvez nessas reticências estivesse o espetacular, o novo. Será? Penso, e muitos pensamentos, frases, palavras, gestos, fragmentos vão ficando em mim, relembro uma frase que ficou no meu coração, nos meus poros... “Sentir é criar. Sentir é pensar sem idéias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem idéias.” Então como o meu coração é menino, eu sinto e o acalento dentro de mim, O menino e eu seguimos firmes e palpitantes, explodindo intensidades. “Não sei o que o amanhã trará”, você sabe? Não sabemos não é mesmo? Mas, o importante é ter um jeito de ser, de perceber e encarar as coisas, se imunizar. Muitas vezes é bom sair na friagem, ouvir o que a deusa Perséfone fala e ter a constatação de que as proezas e novidades são efêmeras e mutáveis, assim como o anseio por coisas que surpreendam os outros e a nós mesmos são líquidas, pois estão em transição, constatei isso. Que mundo avernal esse mundo das idéias. Também constatei que não tenho o inédito, o incrível texto, vou mesmo é exercitar uma das mais preciosas virtudes de Perséfone, a temperança, para aguardar com esperança uma boa nova.


Queridos, hasta pronto!


Autora: Rubia

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Sou simples e disposta para as boas coisas. Amo o belo, mas a minha admiração maior é na alma. Por isso eu escrevo, e como diz Clarice... "Escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...” Então, eu vou desabrochando a cada dia, com esperança, determinação, amor no corazón, tecendo minha vida, tal como uma linda aranha tece a sua fenomenal teia... Escrevo, sobretudo, "Porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando"... Romântica? Profunda? Complexa? Não sei, traduza-me...